AS DUAS IRMÃS E SEU CAFÉ COLONIAL
Já sexagenárias, embora
não aparentassem ,as duas irmãs combinaram, depois de muita ponderação,
de tomar um Café Colonial . A escolha recaiu
num famoso Hotel que está localizado justamente na divisa entre os municípios de Florianópolis e São José, às
margens do rio Araújo.
Precisavam conversar muito, especialmente sobre determinado
assunto que estava incomodando a mais velha, Valdevina.Queria confidenciar com
Marvília e escolheram aquele local por ser amplo e de muita privacidade.
Ao chegar, cada qual estacionou seu respectivo carro
defronte à entrada do estabelecimento hoteleiro.Como ninguém veio cobrar o
estacionamento,nem se preocuparam .O café colonial tinha horário estabelecido,
era tradicional, não precisava ser hóspede para usufruí-lo, mas o
estacionamento era terceirizado e pago.
Abraços , beijos, primeiros comentários.
Ato contínuo, procuraram os fundos do Hotel, sabedoras, que
eram, de que havia uma magnífica piscina com mesinhas, cadeiras e guarda sóis.
Era outono.A temperatura estava agradável.O dia estava nublado.
Tudo conspirava para um profícuo bate papo das duas irmãs ,
que tinham uma vida inteira compartilhada.
Ficaram perdidas no espaço e no tempo, como soe acontecer
com pessoas idosas nessas situações...
Vez por outra Marvília afastava-se para fumar um cigarro,
mas não perdia um segundo de conversa.
Valdevina aproveitava
essas ocasiões para explicar e questionar sobre seu assunto, o qual tanto a
preocupava.Era questão muito pessoal e
só para uma irmã podia contar!
Quando as horas se passaram, sentindo já o estômago pedir o
cafezinho vespertino, ambas resolveram procurar o local do café.
Adentraram pelo corredor , mas qual não foi o seu espanto quando a dupla percebeu tudo no escuro, ninguém por perto, só
um funcionário na Portaria.
Como duas corujas perdidas, inquiriram o porteiro que logo foi dizendo:”Café colonial , até o
fim de março, não tem!”
Caíram na gargalhada! Tanto conversaram, tanto esperaram,
que agora , na hora da fome, nada!
O mais hilário é que Marvília comentava afinada de rir:”nós
na boa, usando o espaço nobre do Hotel, ninguém a nos incomodar, usando mesas e
cadeiras, à sombra de um frondosa árvore, nada a ser pago ,mas, o principal, o
café , cadê”?
Conforme indicação do Porteiro, saíram ao bairro mais
próximo, mas a referência dada era um determinado Banco perto do qual haveria
um Café aberto aos domingos à tarde. Só que encontraram dois Bancos iguais, na
mesma Avenida e começou a chover muito.
As espertas senhoras ,então, acabaram entrando numa simples
Padaria, tomando um humilde café com leite, às gargalhadas, com apenas um bolo
de ricota, lembrando o tão sonhado Café Colonial. Que frustração!
Vanilda Tenfen,Fpolis, março de 2013.